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Mioma causa infertilidade?

Mioma causa infertilidade?

Para muitas, receber a notícia de um mioma uterino gera preocupações imediatas com a fertilidade, afinal a ideia de apresentar algum tipo de alteração no útero pode parecer assustadora. Porém, o mioma nem sempre causará dificuldade para engravidar (a depender do tipo) e, às vezes, não provocará quaisquer outros sintomas, de forma que alguns casos somente serão descobertos ocasionalmente, após exames de rotina com o ginecologista.

Formados a partir de células do miométrio, camada muscular do útero, os miomas uterinos são tumores benignos comumente encontrados em mulheres na idade reprodutiva que se desenvolvem ou involuem de acordo com o nível de estrogênio no corpo. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), os miomas acometem cerca de 50-80% das mulheres entre 30 e 50 anos.

O que causa miomas uterinos?

Embora as causas diretas sejam ainda desconhecidas, diferentes fatores de risco contribuem para estimular a o crescimento de miomas, entre eles:

  • Idade (embora registrem alta prevalência em mulheres na fase reprodutiva, durante a pré-menopausa a taxa maior);
  • Obesidade;
  • Hábitos alimentares (consumo excessivo de álcool, cafeína ou mesmo de alimentos como a carne vermelha);
  • Herança genética (mulheres que têm parentes de primeiro grau com a doença);
  • Raça (é três vezes mais prevalentes em mulheres negras, quando comparadas com mulheres brancas);
    hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona

Os miomas são classificados de acordo com sua localização no útero:

  • Intramurais (mais comuns): localizam-se no miométrio, camada muscular do útero;
  • Subserosos: afetam a camada externa do útero; são os maiores tipos e podem atingir grandes dimensões, pois crescem predominantemente na cavidade abdominal, em que há mais espaço, pressionando outros órgãos da região pélvica;
  • Submucosos (menos comuns): formam-se próximo ao endométrio e abaúlam a cavidade uterina.

Os sintomas também se manifestam de acordo com a localização:

  • Miomas submucosos: causam sangramento entre os períodos menstruais, geralmente acompanhado de cólicas severas e aumento do fluxo menstrual. Eles são os principais responsáveis por infertilidade, abortos espontâneos e partos prematuros;
  • Miomas intramurais: em alguns casos, também podem causar maior fluxo menstrual, aumentando as chances de infertilidade e abortamento;
  • Miomas subserosos: embora geralmente sejam assintomáticos, nos casos em que provocam sintomas, os mais comuns são inchaço e compressão da bexiga, provocando maior frequência urinária, ou do intestino, resultando em constipação.

Vale ressaltar que nem sempre o sintoma tem relação perfeita com a localização. Existem miomas submucosos que não causam sintomas e também subserosos que causam cólica e sangramento.

Exames para diagnosticar miomas uterinos

Conforme dito anteriormente, é comum que a mulher descubra a presença de miomas durante exames de rotina a partir de irregularidades, como o aumento do volume uterino. Diante da suspeita, são solicitados exames complementares para verificar a extensão e as características da doença.

Testes laboratoriais, como a análise dos níveis hormonais, podem ser indicados se houver sangramento menstrual anormal para afastar outras causas do sangramento. Já os exames de imagem possibilitam definir a localização e o tamanho dos miomas, como ultrassonografia transvaginal ou abdominal, a ressonância magnética (RM) e a histerossonografia. Ainda, a histerossalpingografia e a vídeo-histeroscopia ambulatorial possibilitam uma análise mais detalhada das cavidades uterina e podem facilitar a detecção de diferentes tipos de miomas.

Quais são os tratamentos indicados para miomas uterinos?

A melhor abordagem terapêutica é definida com base nos resultados diagnósticos, sendo assim, os miomas podem ser tratados com medicamentos hormonais, cirurgia ou por técnicas de reprodução assistida. Porém, caso a paciente seja assintomática, na maioria das vezes não é necessário tratamento, embora seja importante fazer o acompanhamento do desenvolvimento da doença com consultas médicas periódicas.

A terapia hormonal considera o fato de o desenvolvimento de miomas ser estimulado pela ação do estrogênio e, em alguns casos, progesterona, além de diminuírem pela ação de androgênios.

O tratamento cirúrgico, por sua vez, proporciona uma solução direta. A miomectomia, técnica utilizada para extração dos miomas, pode ser feita por vídeo-histeroscopia nos casos de miomas submucosos. É um procedimento minimamente invasivo realizado com o auxílio de um histeroscópio com uma câmera acoplada a ele, que possibilita a transmissão em tempo real de imagens, causando menores danos do que a cirurgia clássica. Já em casos de miomas intramurais grandes, a miomectomia pode ser realizada por laparotomia (cirurgia aberta), laparoscopia ou cirurgia robótica.

Outra opção terapêutica para pacientes que não querem ou não podem sofrer cirurgia é a embolização da artéria uterina. Porém, para mulheres que desejam a gestação, a embolização pode trazer alguns riscos.

Ainda, se não houver a intenção de engravidar e a doença estiver provocando sintomas refratários ao tratamento clínico pode ser indicada a retirada total ou parcial do útero, procedimento conhecido como histerectomia.

Atualmente, no entanto, este tratamento mais radical é menos frequente, pois os tratamentos medicamentosos e as técnicas minimamente invasivas apresentam excelentes resultados.

Quem tem mioma pode engravidar ?

Os miomas submucosos e intramurais podem causar a redução da fertilidade, uma vez que provocam deformidades no contorno endometrial e interferem na implantação do embrião, e na cavidade uterina ou tubas uterinas, comprometendo o transporte dos espermatozoides. Sangramento ou coágulos intrauterinos estão ainda entre os fatores que dificultam a implantação, assim como anormalidades na vascularização uterina. Os miomas tendem ainda a provocar inflamações crônicas na cavidade uterina, que geralmente resultam na formação de aderências, aumentando o risco de infertilidade.

Se o casal estiver com dificuldade para engravidar, mas sem acometimento da cavidade uterina, a fertilização in vitro pode entrar como solução para a gravidez. Já se houver dano à cavidade, os miomas devem ser tratados antes de iniciar um tratamento e até tentar uma gestação espontânea após este procedimento.

As técnicas de reprodução assistida aumentam significativamente as chances de gestação, porque realizam todo o processo de fecundação e desenvolvimento embrionário em laboratório. Esse controle proporciona muitas vantagens e excelentes taxas de sucesso de gravidez.

Em São Paulo, assim como em várias outras cidades, há excelentes profissionais capacitados para diagnóstico e tratamento de miomas, bem como para a condução de um tratamento de Reprodução Assistida nesses casos, se necessário.

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